Desde 1958, todo dia 11 de agosto é celebrado o Dia da Televisão. Contudo, essa data não está associada ao marco do primeiro evento televisivo ou à invenção do primeiro aparelho de televisão. Em vez disso, essa data honra a memória de Santa Clara de Assis, que foi responsável pela fundação da ordem feminina franciscana e faleceu no ano de 1253.
No dia 14 de fevereiro de 1958, Eugenio Pacelli, que na época ocupava a posição de Papa Pio XII, tomou a decisão de prestar uma homenagem a Santa Clara de Assis, estabelecendo uma ligação entre o aniversário de sua morte e a ascensão da televisão. Esse gesto se fundamenta na tradição católica que narra um acontecimento em que Santa Clara, incapaz de participar da missa matinal de Natal, recolheu-se em seu quarto no Convento de São Damião, onde meditou e orou diante do menino Jesus. De maneira surpreendente, acredita-se que Santa Clara foi capaz de “assistir” à missa, ou seja, testemunhar visualmente, de uma maneira inexplicável, tudo o que ocorria na cerimônia.
A Igreja Católica atribui grande valor de fé a essa narrativa. Foi nesse contexto que o Papa Pio XII, fascinado pelo potencial extraordinário do meio televisivo e enxergando paralelos entre esse fenômeno e o milagre atribuído a Santa Clara, propôs a instituição do Dia da Televisão, para coincidir com a data da morte da santa. Essa escolha foi justificada pela capacidade da televisão de trazer à presença, por meio de imagens e sons, eventos que estão fisicamente ausentes aos sentidos.
A década de 1950 foi testemunha da rápida disseminação da televisão. No Brasil, esse período marcou a chegada dos primeiros aparelhos de TV e o surgimento das primeiras emissoras. A iniciativa de Pio XII ao estabelecer um dia em homenagem à televisão revelou-se perspicaz em termos apostólicos, conforme compreendido dentro da visão católica. Isso se deu porque, como um veículo de comunicação de massa emergente, associar a televisão a um santo católico tornou-se de grande importância simbólica.
Nesse contexto, Santa Clara é considerada por muitos como a “Padroeira da Televisão” nos dias de hoje.